terça-feira, 11 de setembro de 2012

VINHOS KOSHER




Os vinhos kosher satisfazem os rigorosos critérios de produção estabelecidos pelos rabinos, tornando-se assim adequados para o consumo por judeus ortodoxos. O vinho sempre teve um importante papel nos rituais judaicos, além de ser mencionado com freqüência na Bíblia, tendo sido produzido na Palestina, conforme comprovação por escavações arqueológicas, até a conquista de Mulin em 636 AC, quando então todas as bebidas alcoólicas foram banidas.
Por outro lado, os rabinos encorajavam o consumo moderado do vinho, por ser o mesmo benéfico à saúde. O vinho sempre foi o fio condutor dos festejos judaicos, sendo bebido quando se iniciava o sabbath (sábado sagrado dos judeus), na benção (kiddush) e em seu término (havdalah), com a benção da semana que se incia, "Abençoado seja você, senhor nosso Deus, Rei do Universo, que criou o fruto da videira".
Pelo fato do vinho ser utilizado em numerosos cultos religiosos, os judeus insistem que o vinho destinado a ser usado em seus ritos religiosos deva ser produzido exclusivamente por judeus ortodoxos, para evitar sua possível contaminação ao ser manipulado por pessoas desprovidas de fé. Os vinhos kosher, que literalmente significa "certo" ou "correto", são produzidos sob estrita supervisão dos rabinos, e somente judeus ortodoxos, que respeitam o sabbath são aceitos para trabalhar nos processos de produção e engarrafamento dos mesmos. Alguns rabinos insistem que o vinho deva ser "fervido" (na verdade, submetido à pasteurização), de forma que os não judeus, portanto em sua visão, ateus, não mais o reconheceriam como vinho e portanto não haveria o risco do vinho ser usado em seus rituais religiosos. O vinho assim tratado, "mevushal", lamentavelmente perde a maior parte de suas qualidades, mesmo quando são utilizadas as modernas técnicas de pasteurização ultra-rápida.
Os vinhos descritos como "Kosher para Páscoa", feriado judaico celebrado em Março ou Abril em comemoração à libertação dos escravos Hebreus no Egito, não devem ter qualquer contato com pão, massa de pão ou pão fermentado por leveduras.
Em Israel, o vinho kosher deve ser produzidos dentro das rigorosas leis alimentares vigentes no país, a saber:
Nenhum vinho pode ser produzido a partir de videiras com idade inferior a quatro anos.
O vinhedo, se estiver localizado dentro de terras bíblicas, deve ser deixado uma vez sem cultivo a cada sete anos.
Somente videiras devem ser plantadas nas áreas de cultivo de vinhas.
Desde a chegada à vinícola, as uvas e o vinho resultante devem somente ser manuseados por judeus que respeitem integralmente o sabbath, sendo obrigatório o uso de materiais 100% kosher nos processos de produção, maturação e engarrafamento do vinho.
De todas estas leis, a segunda é de longe a mais dispendiosa e restritiva para ser seguida, porém com freqüência se usa um artifício para burlá-la. Assim, o vinhedo é vendido para um não judeu no ano em questão, que se encarrega de cultivar a terra e dar seqüência ao trabalho nas vinhas, revendendo-a no ano seguinte para o proprietário anterior, geralmente um judeu ortodoxo. Desta forma, as videiras não sofrem qualquer descontinuidade em seu ciclo produtivo, evitando-se desta forma os naturais prejuízos.
Na prática, no entanto, uma vinícola kosher acaba empregando um grande número de pessoas que não respeitam o sabbath, às quais é permitido manusear as uvas recém colhidas, sendo porém vedado o contato com o mosto ou com o vinho.
Os enólogos e técnicos que não seguem os preceitos judaicos devem instruir os outros trabalhadores que os respeitam para realizar as operações físicas necessárias dentro da vinícola. Qualquer vinícola que se localize fora de Israel pode produzir vinhos kosher, desde que a quarta lei seja rigorosamente observada. Vinhos kosher de boa qualidade podem ser encontrados em várias regiões da França, Itália, África do Sul, Marrocos, Austrália e Estados Unidos, sendo que uma pequena parcela deste tipo de vinho é produzida em praticame nte todos os países produtores de vinhos, para consumo local.

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